domingo, 7 de dezembro de 2014

'Babá' supera depressão levando pets a consultas e passeios no DF

A paixão por animais e o desejo de superar a depressão garantiram à estudante de sociologia Danielle Montenegro, de 23 anos, um jeito de garantir uma renda extra de até R$ 90 por dia: ela oferece os serviços de "babá de bicho", que podem ser contratados por meio de uma página na web. Entre as atividades estão companhia a cães, gatos e peixes que estão sozinhos em casa, acompanhamento em clínicas veterinárias e passeios pelo Distrito Federal.
A ideia surgiu como tentativa de buscar afazeres que lhe dessem mais prazer e assim afastar o sofrimento que a doença trazia. Danielle decidiu largar os dois empregos e passou a ler tudo o que podia sobre comportamento animal. A página em uma rede social foi criada no dia 29 de outubro do ano passado, e desde então a jovem já cuidou de 65 bichos.

"Eu trabalho fazendo visitas. Durante as visitas eu limpo o local onde o animal fica e a caixinha de areia [se for gato], troco água e comida, brinco, passeio e faço outros serviços, dependendo das necessidades de cada bicho. As visitas duram por volta de uma hora e meia, e o preço varia de acordo com porte, quantidade de animais e localidade – eu costumo cobrar uma taxa de deslocamento. Meu preço inicial é R$ 25, esse valor é referente a uma visita a um animal de pequeno porte sem acréscimo de taxa de deslocamento. O valor de uma visita dificilmente ultrapassa R$ 45", explica.
Durante as atividades, a garota conta que tenta cansar os "clientes" e entretê-los ao máximo para que sintam o mínimo possível a falta do dono. Com os gatos ela adota cuidados especiais: além dos brinquedinhos que já são deles, Danielle amassa bolinhas de papel. Ela também dá petiscos, se for autorizado pelo proprietário, e se esforça para manter os bichos dentro da agenda que a família tem.

"Eu tento fazer com os animais o que os donos estavam acostumados a fazer e mantê-los um pouco na rotina, porque eu acredito que esse é o principal motivo para se preferir os cuidados em domicílio", conta a universitária.
A maioria dos proprietários a chama pelo período da manhã, especialmente aos sábados. A jovem garante, no entanto, que não tem restrições e que trabalha "o dia todo e todos os dias" para atender às necessidades do público. Entre os chamados de emergência estão passeios no período da noite e atenção a um gato com crise renal, enquanto os proprietários faziam uma viagem.
"Ele estava muito cabisbaixo", lembra. "Durante uma semana levei o gatinho diariamente para tomar o soro na clínica, e ele se recuperou bem. O engraçado foi que, nessa mesma ocasião, uma gatinha mais nova deles e muito danada teve sua cicatriz da castração aberta porque não ficava quieta, aí eu cuidei também, e ficou tudo certinho."
Outro momento incomum foi quando dois clientes decidiram pedir a ajuda dela para montar o "enxoval" do novo bichinho. "Não tinham muita experiência e estavam adotando seu primeiro animal, então fui ajudar a comprar tudo o que era necessário para os animais", afirma Danielle.
Uma das clientes da "babá de bichos", Hellen Cristina de Sousa, de 32 anos, conta que precisou recorrer ao serviço quando fez uma viagem de quatro dias e não tinha ninguém para cuidar dos seis gatos e da cadela Cacau – todos adotados após serem resgatados da rua. A única pessoa com quem ela confiava deixá-los era a mãe, que na época estava ocupada com eventos.

"Eles representam tudo para mim. São filhos. Amor. Nunca tive filho, mas, se isso não for amor, eu não sei o que é. São alegrias, companheiros, minha família. São a cura para qualquer doença que eu tiver. Tenho um amor incondicional por eles. Digo que não fui eu que os resgatei, eles que me resgataram. Eles que me salvaram, eu me tornei uma pessoa muito melhor depois deles", conta a mulher, que mora em uma casa na Asa Norte.
A opção por contratar Danielle em vez de hospedá-los em um hotel veio pela crença de que eles se sentiriam menos "abandonados" e tristes se permanecessem onde vivem. A profissional foi à residência no dia anterior para poder conhecê-los e entrar na rotina deles. Um dos bichos tem asma, outro é paraplégico e um terceiro se recupera de um tratamento contra câncer.
"Paguei um pouco mais para poder ficar uma meia-hora fazendo carinho, não queria que só passeasse. Era para criar esse vínculo mesmo. Queria que brincasse, passasse a mão, deixasse subir no colo, deixasse fazer bagunça", conta. "Foi muito bom. Ela mandava fotos e vídeos todos os dias para eu poder saber como os bichos estavam. Isso amenizava minha saudade e passava a segurança de que eles estavam cuidados, com tudo perfeitinho."

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