terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Professores da rede estadual do PR protestam contra corte de gastos


Após o anúncio de cortes no orçamento e demissões de professores temporários, educadores da rede estadual de ensino realizaram passeatas em diversas cidades do Paraná nesta terça-feira (3). A APP Sindicato mobilizou a categoria para alertar a população sobre a precariedade da educação pública estadual.

O presidente da APP Sindicato em Londrina, no norte do Paraná, Marcio André Ribeiro, diz que os cortes de orçamento praticados pelo governo vão interferir diretamente na qualidade do ensino. “O Fundo Rotativo que ajuda as escolas a comprarem a merenda e materiais não é repassado para desde novembro. Tem diretor que tirou dinheiro do bolso para pagar as contas da escola e professor que está sem receber o salário desde dezembro”, argumenta o presidente.
Segundo a APP Sindicato, as demissões de aproximadamente 29 mil professores temporários prejudicaram inclusive a continuação e realização de projetos extracurriculares. “Os cortes fizeram com que as escolas de idiomas do estado, as escolinhas de esporte, as aulas de contra turno e alguns cursos técnicos fossem cancelados”, acrescenta Ribeiro. "O quadro de pedagogos foi reduzido drasticamente, prejudicando a coordenação dos colégios", diz o presidente.
O sindicato da categoria alerta para o funcionamento administrativo dos colégios. "Com o corte de 30% do quadro de funcionários, as escolas ficarão sem gente para fazer a limpeza, a merenda e cuidar do setor administrativo", pontua Ribeiro.
A Secretaria Estadual de Educação informa que em 2014 o Governo do Estado investiu 37% do orçamento em Educação e que as pendências estão sendo reprogramadas pela conforme o orçamento de 2015.
Dificuldades
O atraso dos salários e dos repasses mudou a vida de muitos professores e diretores de colégios. A professora de ciências e biologia Teresinha Prazeres, de Londrina, era contratada do estado no regime de 20h. Ela saiu de férias, teve o contrato renovado no início de janeiro, porém foi demitida algumas semanas depois. Ela ainda não recebeu o valor referente as férias e o 1/3 das férias.
“Ainda bem que dou aulas em outros lugares e não dependo exclusivamente do estado. O salário é a alimentação do professor, ele precisa desse dinheiro para manter a casa e pagar as contas”, desabafa a professora.
Enquanto os professores temporários precisam remanejar as contas, diretores de escolas estaduais não sabem como vão administrar os colégios com poucos recursos. Algumas instituições de ensino vão começar o ano sem dinheiro para comprar alimentos da merenda escolar, materiais de limpeza e com uma redução de 30% no quadro de funcionários.
“Só tenho materiais de higiene pessoal e de limpeza para a primeira semana de aula. Com o corte de servidores, vamos fazer o serviço do jeito que der”, diz o diretor do Colégio Estadual Silvio Vidal, em Paranavaí, no noroeste do Paraná, Welington Belmonte. “Além disso, com as demissões dos professores contratados, não sei se vai ter pessoal suficiente para dar aulas de física, química, filosofia e sociologia”, acrescenta o diretor.
Protestos no estado
Em Londrina, a APP Sindicato estima que 1.000 professores participaram da manifestação em frente ao Colégio Estadual Vicente Rijo. Em Guarapuava, na região central do estado, os professores se concentraram em frente ao Núcleo Regional de Educação em Guarapuava, na região central do Paraná, pela manhã. Houve mobilização ainda em Cascavel, no oeste, também em frente ao NRE.
Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná, professores também se reuniram nesta terça-feira. Além da falta de pagamento, das demissões e das readequações do governo, eles estão indignados com a redistribuição de aulas. Por conta das demissões, a redistribuição precisou ser refeita esta semana.  Alguns professores seguiram para a mobilização em Curitiba.
Em Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, cerca de 200 professores da região fizeram um protesto silencioso na manhã desta terça percorrendo o calçadão da Igreja Matriz, no Centro. Está programado um novo ato público para as 16h, em frente ao Núcleo Regional de Educação (NRE).
Em Paranavaí, no noroeste do Paraná, os professores se reúnem a partir das 15h desta terça-feira em frente ao Núcleo de Educação. A APP Sindicato estima que professores de todas as cidades da região participarão do ato.
Em Maringá, no norte do estado, a mobilização também será nesta terça-feira, às 16h, em frente ao Núcleo Regional de Educação. Professores de Mandaguari devem participar do protesto.
Em Foz do Iguaçu, a manifestação está marcada para quarta-feira (4) à tarde. Os professores planejam entregar panfletos para orientar a população sobre os motivos do protesto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário